Copa Ouro da CONCACAF 2017 - Velhos domínios, novas surpresas e um futuro incerto.

Finalizada no último dia 26 de julho (quarta-feira), a edição de 2017 da Copa Ouro da CONCACAF foi digna da atenção dos fãs de futebol, não apenas no aspecto de dentro do campo, mas também fora deste.


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Iniciada em 1991, a Copa Ouro é o maior torneio da CONCACAF, sendo a "Copa América" da parte norte do continente. (Reprodução: Major League Soccer).

Iniciada no ano de 1991, a competição sempre foi sediada nos Estados Unidos, às vezes variando de forma conjunta com México e Canadá, como ocorrido respectivamente em 1993 e 2003, e 2015.

Assim como não há nenhuma novidade no que foi citado acima, tampouco houve em quem foi campeão: mantendo a hegemonia da competição em torno de apenas três seleções, os Estados Unidos foram campeões pela sexta vez na história, tendo levantado o troféu nas edições anteriores de 1991, 2002, 2005, 2007 e 2013. Canadenses e mexicanos também já foram campeões: os primeiros apenas no ano de 2000, ao passo que os segundos são os maiores vencedores, sendo heptacampeões (1993, 1996, 1998, 2003, 2009, 2011 e 2015), consolidando a hegemonia das nações norte-americanas na galeria dos vencedores.

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Jogadores americanos comemoram a conquista do título da Copa Ouro de 2017. (Foto: The Mercury News).

Mas não podemos esquecer também das novidades: este torneio da parte setentrional do Novo Mundo sempre apresenta estreantes e zebras, e este ano não foi diferente. Comecemos pelos debutantes:


Tivemos vizinhos nessa disputa: o departamento ultramarino francês da Guiana Francesa (portanto, parte do território da França), que faz fronteira com o Brasil, no Amapá, participou pela primeira vez da Copa Ouro da CONCACAF graças a um honroso terceiro lugar na Copa do Caribe de 2017 (torneio classificatório).

Apesar da façanha, a campanha da seleção não foi boa em sua estreia, pois perdeu os três jogos que disputou no Grupo A da Primeira fase:
4 x 2 para o Canadá, no dia 07 de julho;
3 x 0 para Honduras, no dia 11 de julho;
3 x 0 para a Costa Rica, no dia 14 de julho;

Mesmo com dois gols marcados no torneio, todos na primeira partida, respectivamente por Contout e Privat, a Guiana Francesa deixou de ganhar ao menos um ponto na competição na segunda rodada, contra Honduras: inicialmente terminada em 0x0, a partida teve seu resultado posteriormente alterado em favor dos hondurenhos pela comprovação da escalação irregular do jogador franco-guianense Florent Malouda.

Para quem não se recorda, esse Malouda é aquele que já atuou pela França e pelo Lyon (França). Nascido em Caiena (Cayenne, no original em francês), o jogador de 37 anos, que atualmente joga pelo Delhi Dynamos, da Índia, foi escalado para disputar a partida pelo seu território-natal, contrariando as regras da FIFA e culminando na punição citada acima.

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Florent Malouda em ação pela Guiana Francesa na Copa Ouro de 2017. A escalação do jogador rendeu uma punição para a equipe. (Foto: AFP via Mirror).

Fundada em 1921 e filiada à CONCACAF apenas desde 2013, a Guiana Francesa é mais uma seleção que disputa competições continentais mundo afora não sendo filiada à FIFA, pelo menos até o momento.

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Tendo campanhas notáveis nas eliminatórias para as Copa do Mundo de 2014 e 2018, Curaçao, território autônomo pertencente à Holanda no Caribe, nunca participou da Copa Ouro, ao menos não enquanto entidade única, após ter tomado o lugar das Antilhas Holandesas como associação de futebol filiada à FIFA, no ano de 2011. Bonaire, outra ilha que compunha o corpo da extinta federação, também é filiada à CONCACAF, mas não à FIFA, e nunca disputou este continental.

Após conquistar a vaga graças ao título da Copa do Caribe de 2017, Curaçao também não fez uma boa campanha na sua estreia na Copa Ouro - assim como a Guiana Francesa, também perdeu as três partidas que disputou pelo Grupo C da Primeira fase, mas ao contrário desta, não anotou nenhum tento e todas as derrotas foram pelo mesmo placar; portanto, ficando na lanterna:
2x0 para a Jamaica, no dia 09 de julho;
2x0 para El Salvador, no dia 13 de julho;
2x0 para o México, no dia 16 de julho.

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Ainda sobre seleções que não são filiadas à FIFA, Martinica (outro departamento ultramarino pertencente à França, assim como a Guiana Francesa) que o é apenas em relação à CONCACAF, participou do torneio pela quinta vez, parando na fase de grupos. Sua melhor participação foi em 2002, quando chegou até as quartas de final. Em 2017, a equipe chegou a ficar em terceiro no Grupo B, com 3 pontos conquistados ante à Nicarágua, após vencer por 2x0, mas não avançou como uma das duas equipes melhores terceiras colocadas - perdeu por 3x2 para os Estados Unidos e 3x0 para o Panamá. Os melhores terceiros colocados da Primeira fase, no caso, foram Honduras e El Salvador, cada um com 4 pontos.

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Contudo, a grande novidade e zebra da competição pode ser considerada a Jamaica.

Os Reggae Boyz foram vice-campeões: apesar do jogo duro contra os Estados Unidos na final, foram derrotados por 2x1. Vale lembrar que os mesmos conseguiram chegar até este ponto após vencerem o México, heptacampeão do torneio, na semifinal, com este gol de falta de Kemar Lawrence, no final da partida:




Mesmo já tendo sido eliminado nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, certamente este resultado pode ser inspirador para o melhor desenvolvimento do futebol no país caribenho, que participou pela primeira e única vez de um Mundial em 1998, na França.

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Jordan Morris (à direita), autor do segundo gol dos Estados Unidos, avança com a bola, sendo marcado por Alvas Powell (à esquerda), durante a final da Copa Ouro de 2017. (Foto: Bleacher Report).

Todavia, algo que é pouco falado é a possibilidade de esta edição da Copa Ouro da CONCACAF ser o primeiro torneio continental de seleções que, em muito tempo, não valha nada nem garanta vaga para outra competição.

Desde a década de 1990, os campeões destes torneios (Copa Ouro, Copa América, Eurocopa, etc) se qualificam para a Copa das Confederações da FIFA, competição-teste para o país-sede da Copa do Mundo seguinte, no ano anterior à realização da mesma.

Para a eventual edição de 2021, os problemas começaram ainda na gestão de Joseph Blatter, pois, devido à época do ano (julho), as temperaturas são extremas no Qatar, sede do Mundial de 2022 - a própria Copa do Mundo desse ano será realizada no final do mesmo, devido a este fator e a despeito das inúmeras reclamações de federações mundo afora, em especial na Europa, por ser durante a temporada regular.

Por conta disso, também, a edição de 2021 da Copa das Confederações, para não comprometer de antemão o calendário, novamente pela razão citada no parágrafo anterior, não seria sediada no Qatar, mas em outro país cuja federação fosse filiada à AFC (sigla em inglês para Confederação Asiática de Futebol).

Sob nova direção, desta vez por Gianni Infantino, muitas mudanças já estão sendo implementadas no tocante às competições, finalmente ecoando reclamações de longa data de várias federações filiadas à entidade máxima do futebol.

Uma dessas mudanças em questão, além da já implementada, referente ao aumento de 32 para 48 seleções, na Copa do Mundo de 2026, é a possível extinção da Copa das Confederações - algo previsto já para 2021, contudo. Isso se deve principalmente ao fato de os custos de organização, nível técnico das equipes participantes, valores de patrocínio/transmissão e média de público não serem tão atraentes e/ou rentáveis como em outras competições de futebol.

Apenas como exemplo, na edição de 2017, na Rússia, vários jogos tiveram apenas metade das arquibancadas ocupadas (às vezes um pouco menos ou um pouco mais), além de algumas equipes não convocarem todos os seus jogadores principais para a disputa (em especial a campeã Alemanha, que disputou o torneio com o seu time "B").

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Julian Draxler levanta a taça da Copa das Confederações de 2017. A Alemanha é possivelmente a última campeã do torneio, dependendo de decisões futuras da FIFA. (Foto: Firstpost).

A CONCACAF, em particular, pelo fato de a Copa Ouro ser bianual, desde 2015 realiza um play-off entre o campeão da edição do ano da Copa das Confederações anterior e o da última realizada, para definir o representante da confederação no torneio seguinte - o México, qua participou da edição de 2017, na Rússia, venceu os Estados Unidos por 3x2 no tempo extra em partida realizada no dia 10 de outubro de 2015; ambos foram campeões, respectivamente, das edições de 2015 e 2013, logo, justificando o confronto.

Ou seja, para 2021, o representante das Américas do Norte, Central e Caribe seria decidido através de um play-off entre os Estados Unidos e o campeão de 2019, caso ele mesmo não o seja, provavelmente realizado no mesmo ano.

Logo, se a Copa das Confederações da FIFA for oficialmente extinta, podemos considerar a Copa Ouro de 2017 o primeiro torneio continental de seleções em muito tempo que já não valha mais nada. A Copa América e a Eurocopa, por consequência, também voltariam a serem torneios que rendem aos seus campeões apenas o posto de melhor seleção do continente e nada mais.

Porém, isso é passível de debate. Você acredita que a Copa das Confederações será extinta? Ela continuará como está? Ou ela será "renovada" e/ou substituída por outro torneio?

Qual a sua opinião?

Até a próxima!

Fontes:
FIRSTPOST. FIFA Confederations Cup could be axed after current edition in Russia due to sagging popularity. Disponível em: <http://www.firstpost.com/sports/fifa-confederations-cup-future-of-fifas-dress-rehearsal-tournament-in-doubt-3534523.html>. Acesso em: 30 jul 2017.

GLOBO ESPORTE. Guiana Francesa contraria FIFA, escala Malouda e perde por W.O. na Copa Ouro. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/guiana-francesa-contraria-fifa-escala-malouda-e-perde-por-wo-na-copa-ouro.ghtml>. Acesso em 30 jul 2017.

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