LADO HERMANO - O sistema de divisões Argentino

Com uma diversidade de times centenários, a Argentina propõe o futebol mais forte, aguerrido e bravo da América Latina. A catimba, o amor a camiseta e o fanatismo do torcedor faz do futebol ''hermano'' ser tendência no mundo apesar de todos os problemas financeiros do país e das constantes reviravoltas políticas na AFA.


Antes de explicar como funciona o sistema de divisões, devo alertar que os campeonatos não possuem um nível certo de participantes, ou seja, todo ano há uma modificação por conta do sistema de filiação dos clubes Argentinos, seja ele direto (clubes de Buenos Aires) ou indireto (clubes fora do Conurbano Bonaerense, que é fora da capital e região metropolitana) mas claro que há suas exceções.

CLUBES QUE SÃO EXCEÇÕES - Clubes de maior expressão como Newell's Old Boys e Rosário Central são exemplos de exceções, mas é claro, que não são os únicos. O Charrúa, como é conhecido o Central Córdoba de Rosário, é outra exceção. O clube é de Rosário, interior Argentino, e joga na categoria dos clubes de Buenos Aires, os famosos Metropolitanos. O Club Camioneros é outra exceção; o clube é natural do bairro de General Rodríguez, exatamente na capital, mas joga contra clubes do Interior, nos torneios Federais.

Caso fosse trocada as filiações, o Central Córdoba e o Camioneros teriam um gasto financeiro muito inferior em relação a viagens, que basicamente se resume a 4.000km de diferença entre jogar no Metropolitano e jogar no Federal.

Outros clubes também são exceções: Estudiantes de La Plata, Gimnasia y Esgrima de La Plata, Defensores de Cambaceres e Villa San Carlos, todos de La Plata, filiados diretamente e também participam das divisões Metropolitanas. Enquanto isso, o Everton de La Plata joga os torneios Federais.

FORMATO ATUAL - Atualmente, após reformulações, algumas divisões mudaram bastante (principalmente ao que se refere ao Interior). Abaixo, segue a fórmula de como está nivelado hierarquicamente o futebol Argentino.


METROPOLITANOS - Os Metropolitanos são formados pelos times filiados diretamente à AFA, onde a maioria, com algumas exceções, estão na província de Buenos Aires. Uma curiosidade: em algumas edições da Primera D Metropolitana ocorrem as famosas ''desfiliações'', que é onde o clube de pior promedio (sistema usado para determinar os 'descensos' na Argentina) fica por 1 temporada sem poder disputar o Nacional. O modelo não é usado sempre, sendo excluído ou adicionado em algumas edições.

FEDERAIS  - O Interior está marcado por diversas mudanças nos seus campeonatos. Atualmente chamado de Federal mas já com um novo nome para as divisões mais baixas, o Federal A é a porta de entrada para a B Nacional e para jogar por todo o país. O novo 'Torneo Regional' substitui os antigos Federais B e C, que contavam com mais times tanto profissionais, tanto amadores. Outrora, os Federais já foram chamados de Torneo del Interior, Torneo Regional del Interior e Torneo Argentino (A, B e C).

Para se classificar ao Regional, o clube ser campeão ou vice da divisão provincial (equivalente aos estaduais) ou campeão da copa provincial. Dependendo, até o 3º e o 4º podem se classificar também.

REBAIXAMENTO - Não existe um número certo de rebaixamentos no futebol Argentino. Entre reviravoltas políticas recentes, atualmente a Primeira Divisão rebaixa 4 clubes por promedio (soma de pontos das últimas 3 temporadas e temporada atual dividido pelo número de jogos disputados, chegando a um coeficiente, onde os piores caem ou disputam um desempate caso terminem empatados). A cada ano, as divisões mudam o seu regulamento seja no Metropolitano, seja no Federal, mudando assim o número de participantes, acessos e rebaixamentos ano após ano.

A disputada final da B Metropolitana da temporada 2017/18 entre Defensores de Belgrano vs UAI Urquiza (Foto: UAI Urquiza Multimídia/Divulgação)

O MAIOR FUTEBOL DE BAIRRO - Com o maior futebol de bairro do mundo, a Argentina nos reserva uma experiência sem igual, tanto na capital, tanto no interior, de descobrir novos clubes e acompanhar a paixão formadas nas ruas de cada bairro e seu time predominante.

Times como Lanús, Defensa y Justicia e Tigre custaram para se firmar no futebol nacional e internacional. O Lanús, que viveu 12 anos fora dos holofotes da Primeira Divisão entre 1978 e 1990, veio a conquistar recentemente diversos títulos, sendo o maior deles a Sul-Americana de 2013 diante da Ponte Preta, e que completou 100 anos há pouco tempo, em 2015.

O Club Atlético Tigre, no qual se envolveu na polêmica da Sul-Americana de 2012 contra o São Paulo, passou 11 anos fora da Elite, de 1968 até 1979, passando até pela Primera C e recentemente por mais 9 anos longe do topo, de 1998 até 2007.

O Defensa y Justicia tem a história mais recente da Elite do Argentino. Apesar de ter sido fundado em 1935, o clube se dedicava a atividades sociais, como um clube, mas foi em 1977 que o ''Halcón'' se filiou à AFA e estreou na Primera D em 78. O acesso à ''Primera'' veio em 2014 e desde então, o clube alcançou a Sul-Americana e que em 2017, eliminou o poderoso São Paulo em pleno Morumbi, e em 2018 tirou o famoso América de Cali em plena Colômbia por 3x0 da competição.

Guiñazu comemora o título da B Nacional e retorno à Primeira Divisão após 12 anos (Foto: TyC Sports/Divulgação)

Outro caso surpreendente é o do Talleres de Córdoba. Nascido no Bairro Jardim, em Córdoba, o clube teve seu apogeu nos anos 90. Voltando a Elite em 97/98 em cima do maior rival e se consagrando campeão da Copa Conmebol de 99 sobre o CSA de Alagoas, o Talleres foi do céu ao inferno na virada do século. Em 2004, decretando falência, o clube cai para a B Nacional e é ofuscado por largos 12 anos, quando chega a cair para o Federal A em 2009, no qual sairia em 2013 mas voltaria para a mesma divisão uma temporada depois. 

Com muito sacrifício, apesar das finais perdidas nesse meio tempo, o clube subiu para a B Nacional em 2016 e no ano seguinte, em 2017, com um gol aos 50' do segundo tempo de Pablo Guiñazu, o plantel ''Matador'' voltava à Elite. Em 2019, o Talleres voltará a Libertadores após 17 anos, onde em 2002 disputou o torneio mais cobiçado da América pela última vez.

Atlético Tucumán campeão do Argentino A (Antigo Federal A) em 2008 (Foto/Reprodução)

O Atlético Tucumán é outra pérola, se assim podemos chamar, do futebol Argentino. Com apenas 13 participações na Elite (14 se permanecer para a próxima temporada), o clube viveu o inferno na terra jogando seis temporadas seguidas (2002-2008) no Torneo Argentino A, o antigo Federal A. Além disso, o ''Decano'' acumula 23 temporadas na B Nacional desde o final dos anos 80 até o século atual.

5º lugar no Argentino de 2016 e vice-campeão da Copa Argentina 2017, os Tucumanos tiveram a oportunidade de estrear internacionalmente; Libertadores 2017/2018 e Sul-Americana 2017.

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